Beto Mateus, Luzias
Enquanto alguns se reúnem para preparar suas casas com a decoração natalina e com a montagem do presépio e os foliões se preparam para percorrer quilômetros adorando o Menino Deus, uma manifestação cultural prepara-se para encerrar suas atividades no ano concluindo mais um ciclo de sua trajetória. A Guarda de Congo Divino Espírito Santo de Nossa Senhora do Rosário, da comunidade quilombola de Pinhões, convida para o fechamento do reinado e coroação dos festeiros para o próximo ano de 2020.
O ritual, nesta sexta-feira (20/12), às 20h, na centenária igreja de Nossa Senhora do Rosário, vai marcar o encerramento das atividades anuais da Guarda de Congo com a coroação dos novos festeiros. De acordo com o capitão Marlon Lima, a coroação é uma exigência para o encerramento, quando os festeiros são apresentados à comunidade. “A Guarda se reúne para “entrar na Igreja pelo rosário” e fazer suas orações e cantos de agradecimento”, esclarece o capitão, explicando que o reinado, como é chamado o ciclo anual da Guarda de Congo, deve ser fechado antes do ciclo natalino. O período de pausa das atividades da Guarda de Congo é de somente dentro de três a quatro meses, após a celebração da Páscoa.
Costumes e tradições vindos da Africa – O congado é uma manifestação cultural religiosa que se desenvolveu no Brasil no período colonial, como forma de resistência e manutenção dos costumes e tradições dos povos vindos de África. Em Minas Gerais, esses grupos se destacam pela vitalidade, variedade e presença em todo o território mineiro, louvando em seus rituais santos tradicionais no culto afrodescendente, como Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, que são saudados por meio de cantos, dança, do som dos instrumentos e de vestimentas especiais.
Em Santa Luzia, especificamente na comunidade quilombola de Pinhões, existem dois grupos de congado: o Congado de Nossa Senhora do Rosário (conhecido como Catopê) e a Guarda de Congo do Divino Espírito Santo de Nossa Senhora do Rosário, sendo esse último uma guarda que conta com a participação expressiva de mulheres em sua composição. De acordo com Marlon Lima, “muitas mulheres tinham o desejo de participar da guarda dos Catopês, mas, pela tradição da comunidade, somente homens podiam fazer parte dessa formação”.
A Guarda de Congo feminina, que surgiu em 2014, participa de várias festas em outras comunidades ao longo de todo o ano. Um dos eventos realizados pela Guarda de Congo Divino Espírito Santo e que vem se firmando no calendário cultural da cidade é o Comida de Quilombo, que tem como objetivo divulgar a culinária tradicional da comunidade quilombola de Pinhões e arrecadar recursos para a manutenção da Guarda de Congo Divino Espírito Santo. O evento sempre é realizado no primeiro trimestre do ano.
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