Yara Tupynambá, artista consagrada, vai expor suas gravuras no Solar da Baronesa

Yara Tupynambá, artista consagrada, vai expor suas gravuras no Solar da Baronesa

Luzias

“Yara é como Minas: são muitas”. É assim que o crítico de arte Carlos Perktold inicia um de seus textos sobre o trabalho de Yara Tupynambá, 86, a reverenciada artista mineira, que vai expor entre 30 e 50 de suas aquarelas no Solar da Baronesa, na Rua Direita, no Centro Historico, em março, em data que deve ser fixada entre o final do carnaval e o aniversário de Santa Luzia, no dia 18. Numa cidade tão carente de eventos culturais, a decisão – da Secretaria Municipal de Cultura e do Instituto Yara Tupynambá – de apresentar aos luzienzes parte da obra dessa extraordinária artista, conhecida e respeitada internacionalmente, merece uma salva de palmas.

Quando o Luzias ligou para a casa da Pintora, gravadora, desenhista, muralista e professora, em Belo Horizonte, ela mesma atendeu. Foi logo explicando que a exposição é itinerante. Aberta pela primeira vez no novo museu de Congonhas, no ano passado, seguiu para Pará de Minas, Ouro Preto, Sete Lagoas e São João Del Rey, antes de chegar a Santa Luzia. Sem que o Luzias perguntasse, a artista observou, com seu jeito adoravelmente simples: “O objetivo é divulgar o meu trabalho. Como disse Milton Nascimento, o artista tem que ir onde o povo está. Já que não temos incentivo algum, nós mesmos temos que tomar a iniciativa.”

A partir do imaginário da artista, arlequins, pierrôs e mágicos materializam magia e beleza

Várias fases e várias técnicas
De acordo com o diretor-presidente da Fundação Yara Tupynambá, José Theobaldo Júnior, um dos curadores, para esta exposição, a curadoria optou por um foco nos trabalhos relacionados à memória e ao imaginário popular, além das manifestações tradicionais, religiosas e expressões do cotidiano da artista.

Assim “as moças nas janelas, os vasos de flores vistos do interior ou do exterior da casa, os personagens de nossa história, as representações culturais e religiosas retratadas através das imaginárias, a arquitetura colonial e a beleza da flora das Minas Gerais vão estar presentes na mostra, demonstrando a consistente produção artística de Yara Tupynambá” – diz José Theobaldo.

Ele adiantou ainda que, para essa mostra foi selecionada uma coleção de gravuras que retrata as diversas fases da pintura da artista, através de várias técnicas e pluralidade de motivos, numa exposição intimista.

O Pequeno Mágico, outra gravura importante da mostra

Artista internacional
Yara Tupynambá Gordilho Santos nasceu em Montes Claros(MG), em 1932, estando prestes a completar 87 anos de vida e mais de sete décadas de carreira inspirada inteiramente em Minas: sua gente, sua paisagem e sua cultura . Foi aluna de Alberto da Veiga Guignard e Oswald Goeldi, bolsista do Pratt Institute em nova York, participou de diversas bienais e mostras em diversos países na América do Norte, Europa e Ásia.

Sobre ela, o crítico Roberto Pontual disse: A narrativa, agudamente cubo-expressionista e mineiramente barroca, constitui, a maneira específica de expressar-se dessa artista, para quem Minas é o mundo”

Desenhos poderão ser coloridos

É mais fácil, segundo Yara Tupynambá, fazer uma exposição de gravura do que de pinturas

O outro curador da mostra, Marco Aurélio Fonseca, da Secretaria Municipal da Cultura, fala da satisfação de Santa Luzia em participar desse circuito da exposição itinerante e conta que, durante o evento, no Solar da Baronesa, alunos das escolas da cidade e convidados poderão colorir os desenhos da Artista que estarão disponíveis para o público. “Será um importante acontecimento cultural”, afirmou ele.

Na conversa que teve com o Luzias, Yara comentou que essa é a primeira vez que vai expor seu trabalho na cidade. Contou que chegou a fazer um quadro com a imagem de Santa Luzia “para o amigo Márcio de Castro Silva”. E confessou que está alegre porque a exposição vai dar oportunidade para que “outras pessoas conheçam a gente.” Ri e conclui: “ Nós artistas somos assim, carentes de amor.”

Reprodução Ampliada da obra “O Pequeno Mágico” onde a Artista interage com sua própria obra.

O certo é que, como diz o crítico Carlos Perktold, Yara Tupynambá é a “incansável guerreira da vida, desde jovem certa de que procurava realizar o seu desejo de imortalidade. Por isso ela constituiu um patrimônio cultural que a nenhum mineiro é lícito ignorar.”

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1 Comment

  • Márcia Maria Duarte dos Márcia Santos
    10 de março de 2019, 08:32

    Que boa iniciativa! Gostaria de saber a data da abertura e do tempo da mostra. Me informem, por favor.

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