Santa Luzia deu ao mundo Djalma Guimarães, o “Príncipe dos Geólogos”

Santa Luzia deu ao mundo Djalma Guimarães, o “Príncipe dos Geólogos”
O geólogo foi um dos luzienses mais importantes de todos os tempos

Redação do Luzias

Ninguém menos que a extraordinária cientista polonesa Madame Curie – duas vezes ganhadora do Prêmio Nobel – foi quem deu a Djalma Guimarães o epíteto que marcou a trajetória profissional de um dos luzienses mais destacados em sua área de atuação: Príncipe dos Geólogos, foi como ela o chamou. Conheça um pouco da história desse ilustre filho de Santa Luzia, reconhecido internacionalmente, nesta nota biográfica de autoria de um dos seus filhos e de seu neto, escrita a pedido da Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia.

Luiz Raul Guimarães/Milton Guimarães Prado*

Djalma Guimarães nasceu em Santa Luzia em 05 de novembro de 1894. Filho de Luiz Caetano da Silva Guimarães e Evangelina Teixeira Guimarães, descendia pelo lado materno do senador estadual Manoel Teixeira da Costa, seu avô. Iniciou seus estudos em sua terra natal, transferindo-se para a admissão ao primeiro ano do curso ginasial do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e posteriormente para Ouro Preto. Formou-se engenheiro de minas e civil no ano de 1919, na Escola de Minas de Ouro Preto.

Ingressou no Serviço Geológico em 1920, se dedicando inicialmente à química, mas, a partir de 1923, passou a exercer interinamente o cargo de petrógrafo. A petrologia foi sempre seu trabalho preferido e sua principal ferramenta de trabalho era o microscópio, com o qual descrevia as rochas e inter-relacionava suas fases minerais.

O microscópio com o qual Djalma Guimarães descrevia as rochas e inter-relacionava suas fases minerais

Em 1929, iniciou o estudo das rochas graníticas, coroando-o com uma nova concepção da gênese delas. O resumo dessas ideias foi publicado em 1938, na Alemanha, sob o título “O Problema da Granitização”. Essa publicação, por ter sido lançada ao mesmo tempo em que outras com ideias divergentes, reabriu a polêmica sobre a gênese das rochas, o que o fez conhecido como um dos pais da Teoria da Granitização.

A geoquímica foi outro campo em que Djalma Guimarães se destacou como pioneiro no Brasil. Na direção do Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais criou um laboratório de análises espectroquímicas. Publicou trabalhos sobre metalogênese com base na geoquímica. O primeiro foi divulgado apenas no exterior, sob o título Mineral deposits of magmatic origin, cujo resumo foi publicado na revista Economic Geology. Sua teoria, de acordo com o conceito de província metalogenética, foi aceita e incluída na disciplina Geologia Econômica de vários cursos de geologia dos Estados Unidos.

O nome de Djalma Guimarães consta da primeira ata do CNPq como um dos conselheiros da Academia Brasileira de Ciências. Como cientista, ele atuou em quase todas as áreas das geociências, participando da criação do Instituto de Pesquisas Radioativas e dirigindo os mais importantes órgãos nacionais e estaduais na área das Geociências. Descreveu quatro novos minerais: eschwegeíta, arrojadita, pennaíta e geannettita. E, em 1939, foi homenageado por companheiros de pesquisa que deram o nome de “djalmita” a um mineral encontrado em Brejaúba (MG).

Djalma Guimarães sempre teve uma profunda relação com o ensino da geologia. Foi professor em universidades brasileiras e participou de campanha nacional para estabelecer os primeiros cursos autônomos de geologia no País. De 1948 a 1967, lecionou na UFMG e na Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em quatro de seus cursos. É autor de mais de 240 publicações nos diferentes campos da geologia.

O geólogo numa reunião com o então governador José Francisco Bias Fortes

Recebeu todos os prêmios conferidos a seus pares em sua época: Prêmio José Giorgi da USP (1958-1959); medalhas de ouro Orvile Derby e José Bonifácio Andrada e Silva e Medalha da Inconfidência. Foi distinguido como Professor Doutor Honoris Causa pela Ufop e pela Universidade de Lisboa.

Vários outros temas da geologia foram abordados por Djalma Guimarães, mas os que lhe conferiram grande importância, com projeção nacional e internacional, foram as suas descobertas das jazidas de apatita (fosfato) e de pirocloro (nióbio) em Araxá (MG), que fizeram do Brasil o maior produtor de nióbio do mundo.

Faleceu no dia 10 de outubro de 1973, e em 1974 foi homenageado com a criação do Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães, hoje incorporado ao Museu das Minas e do Metal, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.

Extraído de nota biográfica preparada para a exposição “Nós fizemos história”, realizada pela Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia em outubro de 2009, no Solar da Baronesa.

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3 Comments

  • Décio Araújo Filho
    18 de maio de 2018, 10:21

    Nossa querida Santa Luzia sempre foi agraciada com filhos que se tornaram personalidades em todos os setores do esforço humano por um mundo melhor. São esses os exemplos que devem obter os melhores espaços dos veículos de comunicação de massas e nas salas de aulas das nossas escolas. Parabéns pela iniciativa.

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  • […] Geólogos”. Portal Luzias – A cidade e sua história. Santa Luzia, 2018. Disponível em: <https://www.luzias.com.br/santa-luzia-deu-ao-mundo-djalma-guimaraes-o-principe-dos-geologos/&gt;. Acesso em 7 de março de […]

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  • Roselena Franco
    29 de janeiro de 2023, 11:28

    Impressionante Este Cientista e professor que conheci agora lendo este artigo biográfico . Meu esposo estudou na Escola De Minas em Ouro Preto e ficou surpreso ao saber que nosso cientista mineiro descobriu o Nióbio. E recebeu o título de Principe da madame Curie e tantos outros acredito que este Nobre brasileiro deveria ser conhecido nas escolas dentro do curriculo escolar..Sou amante das rochas e conheço muito pouco de mineralogia e no meu sitio brota cristais de quartzo e fico encantada com eles. Gratidão

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