Ong Solidariedade reúne doações para realizar a “Páscoa sem fome” em SL

Ong Solidariedade reúne doações para realizar a “Páscoa sem fome” em SL
Marly Costa(à esquerda) vice presidente da Ong Solidariedade, e Rosa Werneck, presidente: as duas trabalham incansavelmente. Foto: Facebook

Gustavo Werneck, Estado de Minas

As mãos solidárias conhecem muito bem os perigos da pandemia, se protegem como devem e, em momento algum, ficam longe de quem tem fome, frio ou sede de água, afeto, aconchego. Em tempos da crise provocada pelo novo coronavírus, mineiros da capital e do interior unem forças para ajudar famílias que sofrem com a perda do emprego, do dinheirinho certo no fim do mês, muitas vezes com a miséria que se instalou na casa sem bater na porta.

São muitas as ações voluntárias, particulares ou coletivas, para ajudar pessoas de todas as idades com alimentos, roupas, material de limpeza. E há também várias formas criativas, simpáticas mesmo, de colaborar com quem nem se conhece. Em pontos das cidades, anônimos deixam mantimentos simplesmente para doar, não vender, com a frase: Quem puder, deixe. Quem precisar, pegue. Em praças, roupas ficam expostas para agasalhar o corpo e aquecer a alma das vítimas das dificuldades.

“São dias de medo, angústia e dor. Homens e mulheres perderam o emprego, muita gente sem ter o que comer, uma situação muito difícil. Impossível não tocar nosso coração”, afirma a biomédica Luana de Souza, residente no Barreiro, que, com a colega de profissão e mesma idade, Izabela Borges, moradora da Pampulha, em BH, deu início a uma ação solidária para entrega de cestas básicas e kits de limpeza. As primeiras foram levadas ontem ((((SÁBADO)))) às famílias da comunidade Rosa Leão, na Região Norte da capital.

“Queremos dar esta contribuição de forma contínua, e não só agora. Por isso, vamos continuar precisando da contribuição de todos”, conta Luana. A iniciativa encontrou boa receptividade, muitos deram dinheiro, com o qual as biomédicas compraram alimentos e material de limpeza. Depois do serviço no hospital onde trabalham, elas montaram as cestas.

É uma cesta como esta que será deixada na porta das casas assistidas pela Ong Solidariedade

DE PORTA EM PORTA Em Santa Luzia, na Região Metropolitana de BH, a organização não-governamental Solidariedade Todos Juntos Sempre, criada há cinco anos, prepara a Páscoa Sem Fome, que vai distribuir 100 cestas básicas, com máscaras e kits de limpeza a famílias cadastradas em vários bairros, e ainda ovos de chocolate para crianças da zona rural do município, além de saquinhos de bombom caseiro para coveiros, funcionários do setor de saúde e de limpeza urbana.

Os voluntários arregaçaram as mangas para fazer os bombons. “Tudo o que conseguimos é fruto de doação. Nosso grupo, formado por 20 pessoas, está preparando os doces no maior entusiasmo. Muitas vezes, avisando antes, deixamos a cesta no passeio das casas das famílias cadastradas para evitar o contato”, diz a vice-presidente da Ong, Marly Avelino da Costa. As entregas da Páscoa serão de porta em porta, com alguns pontos de apoio, a exemplo de Mosteiro de Macaúbas. Desde o início da pandemia, acrescenta Marly, foram distribuídas 10 mil máscaras e entregue centenas de cestas básicas.

Veja a nota que a Solidariedade acaba de divulgar:

Ajude a Ong a ajudar as pessoas mais necessitadas: faça uma doação

HORA DE AJUDAR No Bairro Renascença, na Região Nordeste de BH, a solidariedade em tempos de COVID-19 vem em forma de marmitas distribuídas à população carente e de rua em vários cantos da cidade. Até há pouco tempo, Renata Camargo Prata e Orcival Rodrigues Salomão tinham um pequeno restaurante, que acabou sendo fechado durante a pandemia. Em vez de ficarem de braços cruzados e desanimados com o futuro, eles decidiram que era hora de ajudar os mais pobres. Desde o ano passado, na cozinha do antigo restaurante, eles preparam diariamente cerca de 100 quentinhas por dia, que matam a fome dos mais necessitados.

Os alimentos para fazer os pratos que levam arroz, feijão, legumes, macarrão e um pedaço de carne são resultado de doações de moradores e comerciantes. Renata conta que é uma batalha diária e que muitas vezes fica preocupada com a possibilidade de faltar os ingredientes. “Faço a comida com o maior carinho e tento fazer pratos equilibrados. Não só arroz com feijão. Acho importante ter uma proteína e legumes. O macarrão não pode ser só a massa, tem de ter algum molho”. Segundo ela, a solidariedade das pessoas é muito importante para dar continuidade e até melhorar as refeições que oferece aos mais necessitados. Quem quiser ajudar, doando alimentos, óleo ou até botijão de gás, pode entrar em contato com ela, pelo instagram: @_comidaqueabraca.

CORRENTE DO BEM Dentro da Solidariedade em Rede, iniciativa da Arquidiocese de BH em vigor desde o início da pandemia, foi criado o programa Dai-lhes vós mesmos de comer para ajudar as famílias que enfrentam a fome e a carência alimentar. A partir de 12 de fevereiro, vem sendo preparado um almoço na Catedral Cristo Rei, na Região Norte da capital, destinado às pessoas que vivem em vilas e favelas. Depois que as marmitas ficam prontas, a equipe da Arquidiocese faz a distribuição.

Na manhã de sexta-feira, a equipe do Estado de Minas acompanhou as etapas – do preparo do almoço à entrega das refeições na Vila Mariquinhas, na sede de um projeto social. Por volta das 10h, se formou a fila com pessoas de todas as idades, incluindo várias crianças com pais ou avós.

“Quem considera assistencialismo esse tipo de iniciativa não sabe o valor de um prato de comida para quem tem fome. Até para procurar emprego é preciso estar alimentado”, destacou a coordenadora do projeto Acolhida Solidária Dom Luciano Mendes de Almeida, da Arquidiocese de Belo Horizonte, Eliene Gonçalves. Toda sexta-feira, são entregues 100 refeições na Vila Mariquinhas, enquanto na Ocupação Isadora as entregas, 100 também, são diárias.

A dona de casa Joveny Alves Prates, de 76, era das primeiras da fila e se mostrou bem feliz. “A gente não está podendo fazer comida em casa, fica caro demais. Então, essa marmita ajuda muito”, disse a moradora da Vila Mariquinhas.

Cadastradas previamente pela liderança comunitária, as pessoas levavam até mais de uma marmita. “Essa comida está salvando o dia da nossa família. Os tempos estão difíceis, ainda mais para quem tem, em casa, cinco filhos e três netos”, revelou, com um sorriso, Maria Aparecida Lima, de 43 anos, autônoma, que levou os netos Kauã Felipe, de 6, e Ana Beatriz, de 5. Atraído pelo aroma dos temperos, Kauã quis logo abrir a tampa, mas Maria Aparecida, com doçura, avisou que era preciso, antes, chegar em casa.

Amauri Portugal, de 58, garantiu o almoço e o jantar. “Cato latinha, estou desempregado, serviço está difícil. Então, como metade agora e guardo outra parte para mais logo”.

Sabedora das dificuldades cotidianas, Karolayne Cristine Santos Rodrigues, de 23, levou duas: “São para mim, meu marido e nossas duas filhas. Ajuda demais, pois o dinheiro está curto e tem muito comércio fechado”.

Organizada pelo Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de BH, a ação Solidariedade em Rede, segundo os coordenadores, é uma sólida corrente do bem que interliga paróquias, de diferentes lugares, a partir da missão de oferecer ajuda emergencial aos mais pobres. Além da ajuda espiritual, as famílias mais impactadas pelos desdobramentos econômicos da pandemia recebem alimentos, atendimento jurídico, psicológico e orientações sobre direitos assegurados pelo poder público.

O vigário episcopal para Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de BH, padre Júlio César Gonçalves Amaral, explica que, durante as ações, foi possível constatar que a solidariedade une o coração das pessoas. “O voluntariado e a caridade têm força sociotransformadora.”

A rede de apoio aos mais pobres permitiu oferecer ajuda emergencial de modo descentralizado, nos 28 municípios que integram a Arquidiocese de BH, a partir de 89 pontos de referência preparados para amparar e acolher quem precisa de ajuda. São cerca de 10 mil famílias pobres acompanhadas, em suas muitas necessidades. Neste tempo de pandemia, considerando o último ano, houve aumento em 40% dos que procuram a Igreja em busca de ajuda emergencial.

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