Gustavo Werneck, Estado de Minas
Em missa, Dom Walmor destacou a importância arquitetônica, histórica e religiosa do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas. Abadessa de Macaúbas cobra retorno da prefeitura da cidade
Campanha pela restauração do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ganha, neste domingo, mais força e movimento. Uma missa presidida pelo arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo, teve o agradecimento a todos os colaboradores e, de maneira especial, à Associação Pão de Santo Antônio, que doou um carro para facilitar o serviço e o transporte das monjas concepcionistas. Construído no século 18, o mosteiro é considerado uma das mais importantes construções coloniais do interior do Brasil.
Segundo a madre Maria Imaculada de Jesus Hóstia, a prefeitura assumiu o compromisso, mas nada aconteceu, a não ser algumas visitas técnicas. “Vamos procurar o recém-eleito de Santa Luzia, dr. Christiano Xavier, para ver se ele nos ajuda”, disse a abadessa de Macaúbas. Dom Walmor destacou a importância arquitetônica, histórica e religiosa do Mosteiro de Macaúbas, que fica às margens do Rio das Velhas e foi erguido em 1714 por Félix da Costa. O local já foi recolhimento feminino, uma das primeiras escolas para moças de Minas Gerais e, atualmente, é convento das irmãs concepcionistas.
A campanha “Abrace Macaúbas” foi lançada em 5 de setembro a fim de obter recursos para a recuperação do mosteiro, sendo assinado, na época, um termo de compromisso entre a Prefeitura de Santa Luzia e o Ministério Público de Minas Gerais para garantir a recuperação do muro externo erguido em adobe. Na época, o promotor de Justiça de Santa Luzia, Marcos Paulo de Souza Miranda, explicou que se trata de um dos pontos mais urgentes na campanha de recuperação, pois garante não só a preservação da estrutura como também a segurança do convento.
URGÊNCIA Há três anos e meio, a abadessa comandou uma grande campanha para a compra das latas de tinta que deram vida nova ao azul colonial das portas e janelas e branco das paredes com um metro e meio de largura e prepararam o mosteiro para a festa do tricentenário. Acompanhando a cerimônia religiosa, o presidente da Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia, Adalberto Andrade Mateus, disse que “Macaúbas impressiona pelas dimensões e conservação externa, mas, por dentro, precisa de reforma imediata de todo o sistema elétrico, descupinização, enfim, de obra de restauro. Apesar da boa aparência, tem problemas gravíssimos”.
Veja reportagem feita quando o Mosteiro completou 300 anos, em 2014:
Basta olhar para o madeirame e ver a necessidade urgente de conservação do prédio que abrigou uma das primeiras escolas femininas das Gerais. Em alguns cantos, os cupins deixaram seu rastro em montinhos de madeira devorada, enquanto, ao pisar as tábuas corridas, ouve-se o estalo de perigo. O forro da capela, pintado no início do século 19, por Joaquim Gonçalves da Rocha, de Sabará, também demanda ação urgente para não sair de cena. Os olhos atentos vão descobrir gambiarra de fios, colunas com perdas de reboco, buracos em madeiras, como se fosse um queijo suíço e outros sinais de deterioração. “Vamos conseguir o dinheiro. Deus está conosco”, repete a abadessa ao lado da irmã Maria de São Miguel. Logo depois, ao meio-dia, ouvem-se as vozes das religiosas entoando os cânticos na “hora sexta”.
Conhecer o Convento de Macaúbas, como é carinhosamente chamado, representa experiência única: ali estão freiras, roseiras para fazer vinho, muitas orações e trabalho duro. Na entrada principal, onde se lê a palavra clausura, vê-se em destaque a pintura de um personagem fundamental nesta história tricentenária: o eremita Félix da Costa, que veio da cidade de Penedo (AL), em 1708, pelo Rio São Francisco, na companhia de irmãos e sobrinhos. Demorou três anos para chegar a Santa Luzia, onde construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, de quem era devoto. Mas, antes disso, bem no encontro das águas do Velho Chico com o Rio das Velhas, na Barra do Guaicuí, em Várzea da Palma, Região Norte do estado, ele teve a visão de um monge com hábito branco, escapulário, manto azul e chapéu caído nas costas. Conforme o relato da madre superiora, “ele se viu ali” e “foi o ponto de partida para a fundação do Recolhimento de Macaúbas”.
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No século 18, quando as ordens religiosas estavam proibidas de se instalar nas regiões de mineração por determinação da Coroa portuguesa, para que o ouro e os diamantes não fossem desviados para a Igreja, havia apenas dois recolhimentos femininos em Minas: além de Macaúbas, em Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha. Conforme os estudos, tais espaços recebiam mulheres de várias origens, as quais podiam solicitar reclusão definitiva ou passageira. Havia, portanto, uma complexidade e diversidade de tipos de reclusas, devido à falta de estabelecimentos específicos para suprir as necessidades delas. Assim, os locais abrigavam meninas e mulheres adultas, órfãs, pensionistas, devotas, algumas que se estabeleciam temporariamente, para “guardar a honra”, enquanto maridos e pais estavam ausentes da colônia, ou ainda como refúgio para aquelas consideradas desonradas pela sociedade da época.
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Em cerimônia com a presença de Dom Walmor, irmãs recebem doação de veículo – Luzias
16 de julho de 2018, 19:57[…] Dom Walmor reforça a campanha pela restauração do Mosteiro de Macaúbas […]
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