Trecho do texto “As revoltas liberais de 1842: o império consolidado”, publicado na edição junho/julho de 2014 da Revista Militar:
As forças do Barão de Caxias rapidamente se deslocaram do Rio de Janeiro para Ouro Preto, onde chegaram após, apenas, onze dias de marcha forçada, via Valença e Paraíba do Sul. A parada da coluna revoltosa em Santa Luzia permitiu que Caxias reunisse mais tropas procedentes da capital.
Aumentando seu efetivo para 2.000 homens, Caxias rumou de Ouro Preto para Sabará, a fim de alcançar o arraial de Santa Luzia, onde se encontravam entrincheirados 3.300 rebeldes liberais com uma peça de artilharia[14]. Em seguida, determinou que o engenheiro Henrique Guilherme Fernando Halfeld levantasse a planta local, para estudar a estratégia que melhor se aplicasse.
A posição de Santa Luzia consistia em um pequeno arraial erguido na margem direita do Rio das Velhas, sendo possível transpor o curso d´água pela Ponte Grande. Para atacar o arraial, Caxias dispunha de dois batalhões de linha, dois da Guarda Nacional do Rio de Janeiro, quatro da Guarda Nacional de Minas Gerais, dois esquadrões de cavalaria da Guarda Nacional e dois canhões[15]. Dividiu suas forças em três colunas: uma comandada pelo Coronel da Guarda Nacional José Joaquim de Lima e Silva Sobrinho – irmão de Caxias – que seguiria pela estrada do arraial da Lapa; outra, sob o comando do Coronel Francisco de Assis Ataíde, em direção ao Rio das Velhas, enquanto ele próprio avançaria contra a posição rebelde através da estrada de Sabará.
Na manhã do dia 20 de agosto, Caxias investiu sobre os revoltosos empregando a tática de envolvimento. Ordenou um avanço frontal, pela estrada de Sabará, enquanto as forças do flanco esquerdo, 460 homens conduzidas pelo Coronel Assis Ataíde, aproximavam-se da Ponte Grande, as quais não conseguiram, contudo, transpor o rio. Simultaneamente, as forças do flanco direito, comandadas pelo Coronel Lima e Silva Sobrinho, alcançaram o arraial de Santa Luzia pela retaguarda, tomando-o com facilidade e colocando os rebeldes em retirada, justamente na direção da coluna de Caxias.
As baixas das forças imperiais foram mínimas, totalizando 72 mortos e feridos; enquanto os rebeldes perderam 60 mortos, 100 feridos e 300 prisioneiros. Os vencidos, entre os quais se encontravam Teófilo Ottoni e Camilo Maria Ferreira Armond (conde de Prados), foram enviados para a prisão em Ouro Preto e Barbacena.
O viajante inglês Richard Burton, deixou seu testemunho do combate de Santa Luzia e destacou a atuação de Caxias:
“Santa Luzia, o pequeno arraial, tornou-se, em 8 de julho de 1842, a sede da Presidência provisória e aqui, em 20 de agosto do mesmo ano, terminou o movimento revolucionário. O presidente intruso desapareceu durante a noite e o então gênio bom do Partido Conservador, General Barão (hoje Marquês) de Caxias, atacou os insurgentes. O combate travou-se em torno da ponte, começando às primeiras horas da manhã; o desfecho era ainda duvidoso às três da tarde, quando o 8º Batalhão das Forças Regulares ocupou o ponto mais alto da aldeia e levou o inimigo à debandada. Os chefes, Srs. [Teófilo Benedito] Ottoni, José Pedro, Padre Brito e outros, foram feitos prisioneiros do estado, e, desde aquele dia desastroso, os ultraliberais foram chamados ‘luzias’”[16].
Tanto os liberais de São Paulo quanto os de Minas Gerais foram derrotados e presos pelos comandados de Caxias. Os que conseguiram escapar refugiram-se no Rio Grande do Sul, onde foram acolhidos pelos Revolucionários Farroupilhas. Clique aqui para ler o texto completo sobre “As revoltas liberais de 1842.”
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