Polícia apreende 60 peças históricas da Revolução de 1842 postas à venda em BH

Polícia apreende 60 peças históricas da Revolução de 1842 postas à venda em BH
Os agentes recolheram um total de 60 peças provenientes da batalha final de 1842, no Muro de Pedras, como balas de artilharia, fragmentos de armas e botões de farda

Os objetos apreendidos estavam sendo oferecidos em redes sociais. Foram coletados na região do Muro de Pedras, por pessoas inescrupulosas, que usaram detectores de metais para encontrar as balas de artilharia, fragmentos de armas e botões das fardas dos combatentes. A apreensão mostra a necessidade de se realizar trabalhos de arqueologia na área, onde, certamente, há outros vestígios da última batalha da Revolução de 1842.

Luzias

Em uma operação na manhã desta quarta-feira, 03 de outubro, o Ministério Público e a Polícia Militar de Minas Gerais apreenderam 60 peças ligadas ao término da Revolução Liberal de 1842, que teve sua batalha final no Recanto dos Bravos, popularmente conhecido como Muro de Pedras, em Santa Luzia. Na operação, denominada Luzias, em alusão aos revolucionários liberais, os agentes recolheram peças provenientes da batalha final, como balas de artilharia, fragmentos de armas e botões de farda.

O material foi apreendido no bairro Camargos, em Belo Horizonte, após ordem judicial do poder judiciário da Comarca de Santa Luzia. A descoberta das peças, que estavam à venda nas redes sociais, deveria ter sido imediatamente comunicada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por serem consideradas artefatos arqueológicos. De acordo com a 6ª Promotoria de Justiça de Santa Luzia, as investigações tiveram início após a instauração de um procedimento criminal em setembro deste ano. “O MPMG recebeu denúncias da ocorrência de saques, realizados por detectoristas de metais, no local da última Batalha da Revolução Liberal de 1842”.

Botões de fardas dos combatentes estavam entre os objetos a venda

O material apreendido pode contribuir para o esclarecimento de detalhes sobre a última batalha da Revolução Liberal de 1842 e, após periciado, pode vir a compor o Centro de Memória da Revolução Liberal de 1842, sediado no Museu Histórico Aurélio Dolabella.

No último mês de agosto, durante as comemorações do término da Revolução, ocorreu no Recanto dos Bravos justamente uma exposição de artefatos históricos relacionados com a batalha de Santa Luzia. Pela primeira vez, o Espaço Cultural Revolucionário José de Oliveira Campos, localizado na parte inferior do parlatório, recebeu peças históricas pertencentes ao acervo do Museu Histórico Aurélio Dolabella. Após articulação do promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, que contou com participação da Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia, a equipe da prefeitura municipal promoveu a exposição de janela com marcas das balas, artilharia de canhão, armas de fogo e publicações sobre o movimento que sacudiu Minas Gerais no século 19.

A apreensão do material histórico reforça a necessidade de pesquisas arqueológicas na região do Muro de Pedras, onde foi erguido este monumento à Revolução

Os estudos sobre a Revolução Liberal de 1842 ainda são poucos, mas novos trabalhos têm surgido em torno da questão. Um exemplo é o livro “Até os limites da política – A “Revolução Liberal” de 1842 em São Paulo e Minas Gerais”, de autoria do pesquisador Erik Horner. Publicado em 2014, a obra é fruto de sua tese de doutorado na USP. “Se a produção (sobre a revolução) fosse reunida em uma única biblioteca, talvez ocupasse uma prateleira. O contraste com temas como o processo de Independência ou a Farroupilha é nítido, ainda mais por sabermos que investigações em torno desses marcos continuam a ser produzidas”, destaca o autor, cuja obra reforça a necessidade de novos estudos que irão esclarecer e trazer outros entendimentos sobre os embates de 1842.

Leia importante artigo do promotor Marcos Paulo de Souza Miranda sobre a Revolução:
Batalha de Santa Luzia, 1842: cidade guarda com orgulho cicatrizes dessa luta

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1 Comment

  • Rodrigo
    27 de dezembro de 2020, 21:20

    O lugar em que os detectoristas encontraram era ou eram local, locais tombados? Sítio Arqueológico ? Porque se não for, eles poderiam prarticar o Hobby. Outro ponto é como eles vão julgar que tais peças são do ano X e que essas peças teriam interesse histórico por parte do Iphan ou Museu ?? Comete-se crime se explorar locais tombados, sítios arqueológicos ou que estão a se tornar e locais particulares sem autorização.

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