Patrimônio musical de Santa Luzia, Coro Angélico corre risco de deixar de existir

Patrimônio musical de Santa Luzia, Coro Angélico corre risco de deixar de existir
O maestro João Carlos Rosolini entre os integrantes do Coro Angélico, o coral mais antigo da cidade. Criado em 1952, vai completar 67 anos de vida em agosto

Luzias

É, sem dúvida, um golpe para a cultura de Santa Luzia. Depois de trabalhar mais de um ano sem receber, o Professor João Carlos Rosolini, maestro há 10 anos do Coro mais antigo da cidade, o Angélico, decidiu deixar a função, por puro “desgosto”. A má notícia chega quando o Coro Angélico está prestes a completar 67 anos de vida, em agosto.

O regente reclama que “as pessoas não estavam levando o trabalho a sério”, faltavam aos ensaios. Muita gente abandonou o Coro, porque “ele não funciona mais. É o caos total,” lamenta o músico, que ficou sem receber salário a partir de janeiro de 2018, porque a Prefeitura deixou de destinar ao coral a verba que dava antes.

Atrás, da esquerda para a direita, Maria Angélica, Afonsina, Preta, Birica, Terezinha Gonçalves, Marta e Maria Geralda. Na frente, Luzia, Maria José, Arlete, Regina e Imelda

Nascido em Santo André, há quase 20 anos João Carlos abandonou tudo e veio morar em Santa Luzia, depois de ver uma apresentação do Mater Ecclesiae e se apaixonar pelo grupo Meninos Cantores da Santa Luzia, com o qual trabalhou durante muito tempo.

Amor pela música
Antes de residir em Santa Luzia, João morava em São Paulo e trabalhava como guia internacional de turismo, atendendo gente do mundo inteiro. Homem de profunda cultura, ele fala, escreve e ensina quatro idiomas, além do português: inglês, francês, espanhol e alemão.

Costumava levar turistas de todas as nacionalidades a Ouro Preto, Mariana, Diamantina e outros lugares históricos de Minas. Um dia, em dezembro de 1995, resolveu vir a Santa Luzia. Queria conhecer a cidade. Chegando aqui, teve contato com padre Januário, Pároco da cidade, criador do Mater Ecclesiae, e começou a ajudar os Meninos Cantores a se tornarem o coral admirado que é hoje.

João Carlos com a especial amiga Maria do Carmo(Preta), uma das integrantes mais antigas do coral. Atrás, outra boa amiga, Marta

Professor de línguas
Conversando com o Luzias, João Carlos contou que gostaria muito de continuar morando em Santa Luzia, “porque gosto muito desta cidade.” Como não atua mais como maestro, ele decidiu lecionar. Dá aula particular para quem quer aprender uma das quatro línguas que domina tão bem.(Veja o número do telefone dele no pé da matéria).

“Vivo muito bem dando aula,” disse ele, adiantando, no entanto, que, se receber uma proposta de algum outro lugar para trabalhar como maestro, “vou-me embora.”

Veja o maestro regendo os Meninos Cantores de Santa Luzia, em Itajaí, Santa Catarina, em 1998:

Triste fim de um patrimônio musical
O Coro Angélico começou a caminhar em direção ao fim quando perdeu a verba municipal que o mantinha. Chegou a ser feito um bingo para levantar dinheiro para a sua manutenção. Mas as necessidades eram maiores. E nada mais foi feito. Alguns de seus antigos membros já não participam mais de seus ensaios. Assim, o coral que nasceu na década de 1950 e deve o seu nome a Dona Heleninha, organista que o acompanhou durante quase duas décadas, pode estar com os dias contados.

*Telefone do professor João Carlos, caso você se interesse em aprender alguma das línguas que ele ensina: (31) 3641-3799 ou 99681-3799

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