Santa Luzia volta às páginas policiais. Prefeito denuncia rombo de 173 milhões

Santa Luzia volta às páginas policiais. Prefeito denuncia rombo de 173 milhões

Luzias
Poucos dias depois de se livrar de um processo de cassação pela Câmara Municipal, o Prefeito Christiano Xavier apresentou nesta segunda-feira, 9 de dezembro, uma gravíssima denúncia contra três dos últimos administradores de Santa Luzia, no período de 2016 a 2018: Roseli Pimentel (PSB ex-prefeita), Fernando César (PRB – eleito vice-prefeito, exerceu o cargo de Prefeito) e Sandro Coelho (PSB – ex-presidente da Câmara Municipal de Santa Luzia), atualmente exercendo o cargo de vereador. Durante o tempo em que governaram a cidade, um esquema de corrupção teria montado e desapareceu com nada menos do que 173 milhões de reais pertencentes ao município. Se a denúncia for comprovada, um dos grandes prejudicados poderá ser Sandro Coelho, que aspira disputar a Prefeitura novamente nas eleições de outubro do ano que vem.

Leia a reportagem de Matheus Muratori para o Estado de Minas sobre a denúncia do Prefeito.

A atual gestão da Prefeitura de Santa Luzia, liderada pelo prefeito Christiano Xavier (PSD), apresentou, na tarde desta segunda-feira, uma denúncia contra administrações passadas. Elas teriam lesado os cofres públicos em R$ 173 milhões entre janeiro de 2016 e junho de 2018. Segundo o Executivo da cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, 26 processos dessas outras gestões apresentam “fortes indícios de irregularidades e de crimes praticados contra a administração pública”.

Prefeito, vice, secretários, diretores, procuradores e corregedores se reuniram para apresentar a acusação. “Existem irregularidades de todos os tipos, desde as de fase interna de licitação, superfaturamento, pagamento a serviços que não foram entregues e todos os demais, inclusive caixa 2 e funcionários fantasma. Na sua maioria, são processos relacionados com saúde e educação”, disse o delegado Christiano Xavier, na tarde desta segunda-feira.

No período apurado, a gestão municipal teve sete mudanças devido a escândalos político-administrativos. Passaram pelo cargo de chefe do Executivo Roseli Pimentel (PSB – então prefeita), Fernando César (PRB – então vice-prefeito) e Sandro Coelho (PSB – então presidente da Câmara Municipal de Santa Luzia), todos por duas vezes, até chegar em Christiano.

O atual prefeito evitou indicar os responsáveis pelas ações suspeitas. Por outro lado, Christiano deixou claro que outras denúncias ainda podem ser apresentadas.

“São mais procedimentos irregulares do que esses, e nossa capacidade produtiva é limitada e a gente vai apurando de acordo com a nossa capacidade de poder solucionar e encaminhar aos órgãos necessários. Fizemos e faremos isso concomitantemente ao trabalho realizado pela nossa gestão. Sobre responsáveis, cabe aos órgãos medir o ordenador de cada despesa, foge do nosso trabalho”, complementou.

Christiano Xavier explicou que a quantia do rombo ao cofre municipal pode ser considerado alto. “É um valor financeiro muito alto, principalmente se levarmos em consideração que a nossa arrecadação anual gira em torno de R$ 430 milhões”.

A reportagem tentou contato com Roseli Pimentel, Fernando César e Sandro Coelho, mas ainda não conseguiu.

Segundo o prefeito Christiano Xavier, outras denúncias podem surgir contra administrações passadas

Veja, abaixo, as irregularidades identificadas pela prefeitura:

Utilização de servidores terceirizados para campanha eleitoral e crime de caixa 2;

Uso de equipamentos públicos em campanha eleitoral;

Produtos pagos e não fornecidos;

Produtos e serviços provenientes de contratos superfaturados;

Mesmo endereço para tipos de fornecedores diversos;

Funcionários fantasmas;

Paramentos fora da ordem cronológica para atender interesses pessoais e crimes de abuso de poder político;

Indícios de superfaturamento em aquisição de materiais e uniformes escolares; locação de veículos, terceirização de mão de obra e de manutenção de iluminação pública;

Contratação de programas de computadores fornecidos para a secretaria de educação com altos custos e desconhecidos pelos profissionais da área;

Uso irregular de verba vinculada da educação para pagamento de verbas-prêmio a servidores;

Empresas fantasma (“de fachada”);

Pagamentos de Organização Social (OS) prestando serviços de forma irregular;

Processos licitatórios sem devidas formalidades legais e trâmites de fase interna.

Ao lado do vice, o Prefeito Christiano Xavier não poupou os administradores da cidade entre 2016 e 2018 (Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D. A. Press )

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