UPA e posto de saúde da Av. Raul Teixeira clamam por mais atenção da Prefeitura

UPA e posto de saúde da Av. Raul Teixeira clamam por mais atenção da Prefeitura
A UPA vive cheia durante o dia e durante a noite. É fundamental para parte expressiva da população. Foto: Luzias

Há muitas queixas dos moradores em relação ao atendimento nas duas unidades de saúde, fundamentais para uma grande parcela da população luziense

Luzias

Uma semana antes do carnaval, houve uma batida violenta entre dois veículos no bairro Boa Esperança. Eram por volta das 21h. O motorista de um dos carros e uma passageira do outro precisavam de atendimento médico urgente. Surgiu no local uma médica. Para surpresa de todos, embora fosse uma emergência, ela encaminhou os dois feridos para a UPA de São Benedito, a pelo menos 20 minutos do local do acidente.

Por que o caso não foi encaminhado à UPA que atende os moradores da área central de Santa Luzia, na Avenida Raul Teixeira da Costa, a menos de cinco minutos do cruzamento onde os carros colidiram? A resposta é: esse pronto atendimento está passando por tempos de penúria sob a atual administração municipal.

“Estamos vivendo aqui na miséria,” confidenciou uma enfermeira ao Luzias. “Não temos nem dipirona, só para uso infantil,” continuou ela, mostrando seu desespero. “Às vezes, a gente chega aqui e não tem nem material para higienizar as mãos. A UPA está completamente esquecida.”

Diagnóstico errado

São muitos os relatos de pacientes inconformados com o atendimento que recebem ali. As enfermeiras, assistentes e todo o pessoal  da recepção fazem o impossível, correm para lá e para cá o tempo todo, procurando atender da maneira mais humana possível. O problema está na estrutura.

A unidade de saúde já foi bem administrada. Agora, está sendo negligenciada. Foto: Luzias

Entre as várias pessoas que têm histórias tristes para contar sobre a UPA  anexa ao Hospital Madalena Calixto, uma nos chamou a atenção, porque envolveu diagnóstico errado. A paciente, uma senhora de 71 anos, chegou queixando-se de muita dor na região lombar. Explicou para a médica que a atendeu que já havia ido a um clínico geral que diagnosticou, sem pedir qualquer exame, infecção urinária, receitou anti-inflamatório e analgésico. Mas, quatro dias mais tarde, nem um nem outro fazia efeito.

Por isso havia procurado a UPA. A médica, atenciosa, pediu exame de urina. E prescreveu injeção na veia contra dor.  Encaminhada para a sala de medicamentos, a paciente teve seu sangue e a urina colhidos. Foi  informada que o resultado sairia em duas horas. Era pouco mais de meia noite.

Confirmação do erro

A injeção não pode ser aplicada na veia. Só havia a versão para músculo: uma picada na nádega. A dor não passou totalmente. Em volta, todo tipo de gente, com os mais diferentes problemas de saúde. A maioria era mais velha. Todos aguardando o resultado dos exames que, finalmente, saiu, em torno das duas e trinta.

Dos três médicos escalados no plantão, apenas uma trabalhava. A fila dos que aguardavam atendimento era muito grande. A madrugada avançava. Perto das 4h da manhã, a senhora foi chamada. A primeira surpresa, já não era mais a médica que atendia. Com cara de sono, o jovem médico, de posse dos resultados dos exames, mal ela se sentou à sua frente, confirmou: a senhora está mesmo com infecção urinária. 

Problema era na coluna

Nervosa, sentindo a dor já mais forte, ela perguntou se poderia levar os exames. Pegou  e comunicou: Vou só esperar o dia clarear para procurar um hospital em Belo Horizonte, porque preciso saber o que realmente tenho. Ele se limitou a olhar para ela com impaciência. E ela se foi.

Procurou o Biocor. Depois de novos exames de sangue e urina, a médica constatou: A senhora não tem qualquer problema de urina. A dor que está sentindo é da coluna. Vou encaminhá-la a um ortopedista. O diagnóstico? Lombociatalgia.

Esse é só um dos muitos casos de negligência registrados na UPA. Quem pode vai para BH. E quem não pode? Qualquer problema que um morador da parte mais antiga de Santa Luzia tenha é obrigado a ir à UPA. Por que uma unidade de saúde tão importante está sendo tão mal administrada?

De manhã cedo, o posto vazio. A médica só chega às 10h. São inúmeras as reclamações do atendimento nesta unidade. Foto: Luzias

Mau atendimento no Posto de saúde

O mesmo se aplica ao posto de saúde situado mais abaixo, na Avenida Raul Teixeira da Costa. O Luzias vem recebendo inúmeras reclamações do tratamento que os pacientes recebem quando vão à procura de uma consulta.

Ao contrário dos funcionários da UPA, cuidadosos e dedicados, os do posto de saúde já se tornaram conhecidos pela arrogância e displicência com que atendem quem procura o posto. 

“Já está ficando famoso como lugar onde todo mundo passa raiva, porque demoram a atender. E quando atendem é com muita má vontade”, denuncia moradora do bairro São Geraldo.

Sem ver o paciente

Além do mau tratamento dispensado a quem precisa ir lá, o posto também sofre com a falta de medicamentos. E, segundo outro morador do bairro, adotou um tipo de atendimento que não está agradando.

“A médica de plantão chega às 10h e só atende emergência. Normalmente, a gente é encaminhado para uma enfermeira. Ela faz as perguntas e leva para a médica, que prescreve os medicamentos”, denuncia ele.

Por tudo isso, há um apelo para que a Prefeitura dê mais atenção a estas unidades de saúde tão mal administradas.

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1 Comment

  • Elisa
    3 de março de 2023, 20:38

    Onde está secretário de saúde? Onde estao os vereadores? E o prefeito?A cidade está abandonada?

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