Luzias
Em clima de bastante emoção e respeito aos ancestrais africanos, foi recebida em Santa Luzia na manhã desta quarta-feira, 06 de março, a rainha da Ordem do Leopardo da República Democrática do Congo, na região central da África, Diambi Kabatusuila Mukalenga Mukaji de Nkashama. Desde o início da manhã, uma comitiva luziense liderada pela vereadora Suzane Duarte Almada já aguardava no Aeroporto Internacional de Confins a chegada do vôo que trouxe a rainha para uma visita de três dias para intercâmbio com representantes de religiões de matriz africana.
Assim que chegou ao portal da Avenida Brasília, em São Benedito, o cortejo foi acompanhado pela Guarda Municipal de Santa Luzia até as portas da Casa de Cultura Lode Apara, no bairro Duquesa 1 – espaço dedicado à manutenção da cultura, costumes e festividades dos povos Bantu, vindos de países do centro-sul do continente africano, como Angola, Congo e Moçambique. E foi graças ao empenho do presidente da Casa, Geraldo André da Silva – mais conhecido como Pai Geraldo – que foi possível a realização da honrosa visita da rainha africana a Santa Luzia.
Oh Minas Gerais
Assim que chegou à Casa, a rainha foi saudada pelo ex-secretário adjunto de Estado de Cultura, João Batista Miguel, com os versos de Oh Minas Gerais, hino não oficial do estado. João Miguel, em sua fala, ressaltou as boas vindas do estado de Minas Gerais e falou da alegria dos mineiros em receber “uma personalidade tão importante e essencial nos momentos de resistência atualmente vividos”. Após a saudação da vereadora Suzane (em nome dos luzienses) e do Pai Geraldo, foi descerrada uma placa registrando a visita da rainha.
Já no interior da Casa, se seguiram rituais que representaram a irmandade estabelecida entre os povos da África e do Brasil, sendo um deles a bênção com as águas e a terra do Congo, trazidos em pequenos recipientes pela rainha, e que simbolizou um laço de proteção das tradições bantu e dos povos africanos (terra mãe) que deve ser estabelecido entre os dois países. Um dos momentos mais raros e emocionantes foi a coroação da rainha pelo Pai Geraldo, e a oferta de presentes trazidos do Congo para os líderes da Casa luziense.
A visita da rainha prossegue por dois dias em Santa Luzia e um dos momentos mais aguardados na programação oficial será a visita de sua majestade ao Mosteiro de Macaúbas, onde já foi anunciado o seu interesse em conhecer a ala construída com o empenho e patrocínio da família da escrava alforriada Chica da Silva, na segunda metade do século 18.
Primeiros africanos no Brasil
O Congo faz parte do grupo de países africanos de etnia bantu. Os bantus foram os primeiros africanos que pisaram no solo brasileiro na época da colonização, e foram de suma importância para a nossa identidade cultural, pois eles contribuíram na formação do samba, na culinária, na linguagem, nos Candomblés de etnia bantu, nos cultos aos ancestrais, e nas práticas medicinais e ritualísticas que favoreceram o nascimento da Umbanda.
A rainha Diambi Kabatusuila foi coroada como a governante do povo Bena Tshiyamba de Bakwa Indu, da região central de Kasaï, parte do antigo Império Luba, na República Democrática do Congo, em 31 de agosto de 2016. Agora detém o título de Diambi Mukalenga Mukaji Wa Nkashama (Rainha da Ordem do Leopardo). Em Kinshasa, capital e maior cidade da República Democrática do Congo, ela faz parte da Associação de Autoridades Tradicionais e Consuetudinárias do Congo.(Fonte: jornal Extra)
No Brasil, rainha visita quatro estados. Além da Bahia, onde já esteve e assistiu ao carnaval, e de Minas Gerais, participando de atividades culturais até sexta-feira, a rainha vai visitar o Rio de Janeiro a partir de sábado, 9 de março, e, quatro dias mais tarde, segue para São Paulo, ponto final de sua visita ao Brasil.
Agenda da rainha no Rio de Janeiro:
09/03, sábado:
12 hs – Recepção da Soberana do Congo – Kasaí Diambi e sua comitiva no Aeroporto, onde será recebida pela Equipe organizadora do Instituto OCA responsável pelo encontro ancestral da Soberana com os povos africanos e os povos Originários no Rio de Janeiro/ Brasil.
14:40 hs – Visita a Casa Do Menor, onde participara de diversas atividades de caráter educacionais e ambientais com Crianças do projeto.
18 hs – Encontro com lideranças Indígenas e líderes Religiosos que tratarão sobre a questão do dialogo ecumênico e o combate da Intolerância religiosa.
10/03, domingo:
10:30 hs – Encontro da Soberana e sua Comitiva na Igreja de Nossa senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos no Centro do RJ, onde participara de um dialogo com a Irmandade responsável pelos cuidados da igreja Ancestral, visita ao Museu do Negro e fala aos Afro-empreendedores.
13 hs- Visita a casa Ilé Ti Oxum Omi La Lia Obá Ti Odou Ti Ogum Alé- Corte Real da Nação Ijexá – Cidade de Belford Roxo, Almoço e ritual Religioso, o esta terreiro em processo de tombamento como Patrimônio Cultural e Imaterial do estado do Rio de Janeiro. Na ocasião terá apresentações religiosas e culturas.
17 hs – A tarde a soberana segue para Zona Norte do RJ e visita a Muna Nzo Kongo Dya Mayala Mavuemba Nkosi Biole, Umas das Casas mais antigas da Nação Kongo/Angola no RJ. Ligada a Casa dos Olhos de Tempo que Fala da Nação Angolão-Paketan-BA. No local Ocorrerá o encontro ancestral da espiritualidade Bantu, apresentação do Projeto Mbiracles ( projeto que trata de utilização, ensino e confecção de instrumentos Bantu) e finalizando a noite, uma Roda de Dialogo onde a Soberana Diambi e a Anfitriã de sua visita Cristiane Santos (Papiõn), estarão falando sobre assuntos da atualidade e questões de afirmação dos povos Indígenas e Africanos.
11/03, segunda-feira:
10 hs – Compromisso na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, onde a Soberana receberá a Medalha Tiradentes.
14:30 hs – Recepção na Casa Franca-Brasil, onde cumprira uma agenda de eventos Afro-Indigena.
15 hs – Abertura com Cânticos Sagrados da Nação Kongo-Angola de Tumbondo Muna Nzo kongo dya Mayala (Homens da Casa Sagrado do Governo Kongo) e Cantos Indígenas Guajajara e Weena Tikuna e o Coral de Crianças da Escola Vila lobos.
15:40 hs – Apresentação da Soberana Diambi e sua Comitiva.
16:30 hs – Abertura da Mesa Etno-Empreendedorismo, resistência étnica e qual e a sua raiz?
19:15 hs – Lançamento do livro Índios na cidade do capital – indígenas em contexto urbano na cidade do Rio de janeiro em tempos de Barbárie (2012 -2017) escritor e doutor em serviço social William Berger. O livro trata da resistência indígena na cidade, através de diálogos por direitos humanos, políticas públicas, resistência através da moda e o pertencimento étnico de nascimento e da auto declaração, quem somos? Como vivemos? Onde dialogamos e como nos mantemos na cidade através das modas?
O Desfile de Moda Etnico-Racial dos valores civilizatórios dos Povos Indígenas e Africanos.
19:50 hs – Encerramento das atividades na Casa França- Brasil, com a Fala final da Rainha Diambi kabatusuíla e em seguida o Afoxé Filhos de Gandhy .
21 hs – Encerrando a noite com encontro ancestral Afro-Indigena na Cabana Espírita de Pai Fabrício em Queimados. Com apresentação da Congada realizada no Terreiro.
12/03, terça-feira:
12 hs – A Rainha Diambi Kabatusuíla e comitiva tem encontro marcado no Cristo Redentor com a Equipe OCA e convidados, encerrando os dias de diálogos no Estado do Rio de Janeiro. Às 13hs, a Rainha e a sua comitiva embarcam para São Paulo.
Agenda da Rainha em São Paulo:
Em São Paulo, a agenda tem a coordenação de Walmir Damasceno-Taata Katuvanjesi do Nzo Tumbansi Ilabantu.
2/03, terça-feira:
14hs, a Soberana dos bakongo (povo Congo), será recepcionada na sala de autoridades do Aeroporto de Congonhas, na região central da cidade e seguirá em comitiva para o Teatro Marcos Lindenberg da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), no Bairro de Vila Mariana, Zona Sul da capita paulista a fim de participar do Encontro de Tradições Bantu: O que Somos, o que Queremos e para Onde Vamos! Às 19, homenagem na Câmara Municipal de Itapecerica da Serra, cidade sede do Nzo Tumbansi Ilabantu.
13/03, quarta-feira:
A Rainha Diambi também visitará a estátua da Mãe Preta, no largo do Paissandu, o Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo do Estado, ao Palácio Anhangabaú (Prefeitura), Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, Palácio 9 de Julho, sede do poder legislativo estadual paulista, onde será homenageada. Às 19h, participará de um encontro com lideranças de comunidades tradicionais de matriz Kongo Angola, assistirá uma Festa de Candomblé e receberá o título de Grande Benemérita da Cultura Tradicional Bantu Brasileira a ser conferido pelo Nzo Tumbansi Ilabantu e jantar tradicional.
14/03, quinta-feira:
A Rainha visita a comunidades tradicionais de terreiros, encontro com capoeiristas, visita ao Palácio Anchieta, onde acontece um jantar que encerra sua visita.
1 Comment
Maristela Leão Andrade
9 de março de 2019, 07:01Muito lindo parabéns
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