Moradores de Santa Luzia têm mais uma vitória na luta para criar Parque na cidade

Moradores de Santa Luzia têm mais uma vitória na luta para criar Parque na cidade
A reunião para a aprovação do projeto que prevê um mega empreendimento imobiliário na antiga fazenda de Vicente de Araújo foi adiada. Foto: Salve Santa Luzia

Luzias

Esta quinta-feira, 09 de setembro, é um dia para se celebrar a força da união dos moradores de Santa Luzia. Depois de duas horas de reunião virtual do Compac, Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, com participação ativa de alguns conselheiros e da população, decidiu-se pelo adiamento da aprovação de um projeto, que abriria mais uma porta para a implantação do mega empreendimento imobiliário que a Emccamp, com o aval explícito da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, quer construir na antiga fazenda de Vicente de Araújo, à beira do Rio das Velhas.

Não vamos fazer aqui um relato de toda a reunião, mas ressaltar alguns pontos de extrema importância. O primeiro deles é a inaceitável pressão da Prefeitura para que, sem qualquer transparência, o projeto, que prevê o fatiamento da velha fazenda em quase 600 lotes, seja aprovado. Basta dizer que o Estudo de Impacto de Vizinhança -EIA -, fundamental numa obra dessa dimensão, para saber como a cidade e o meio ambiente serão afetados, ainda não foi concluído. Mesmo assim, a Prefeitura vem atuando de todas as formas, até substituindo membros dos conselhos, para garantir que o projeto seja aprovado.

A Secretária da Cultura, Joana Maria Teixeira Coelho Moreira, foi acusada de estar agindo em favor da Emccamp

Tão ou mais lamentável do que a atitude da Prefeitura é o papel de submissão ao Executivo de quase todos os 17 vereadores que deveriam representar a cidade. O vereador Paulo Cabeção, representando a Câmara, foi um dos primeiros a votar para que o projeto fosse aprovado hoje mesmo. Eleito pelo bairro Bom Destino, ele tem pouco ou nenhum conhecimento de patrimônio histórico, e foi nomeado membro do Compac. Defende sempre o projeto imobiliário, argumentando que o terreno da fazenda é particular e que, por isso, não há o fazer.

O mais grave é que, no finalzinho de agosto, portanto há menos de duas semanas, houve uma audiência pública na Câmara e os vereadores, com exceção de Glayson Johnny, que convocou a audiência, deram o maior vexame. Ao longo da audiência, ficou claro para todos que a Câmara não conhecia o projeto. Realizou uma audiência pública e não sabia nem o quê estava sendo discutido, já que os vereadores, nem mesmo a presidente da comissão de Meio Ambiente, nunca haviam posto os olhos no projeto.

Apenas o vereador Ivo Melo, outro ferrenho defensor do loteamento da fazenda, disse conhecer a proposta da Emccamp. Não deu, entretanto, nenhuma contribuição durante as discussões que denotasse que conhecesse mesmo a enormidade do que se pretende fazer às margens do tão assoreado Rio das Velhas. O total distanciamento da Câmara Municipal da população, na visão do Luzias, é um dos problemas mais sérios que a cidade enfrenta.

O presidente da Emccamp, André Campos, ficou desconfortável na reunião

Em compensação, tanto na audiência pública como na reunião do Compac desta quinta-feira, representantes do movimento Salve Santa Luzia, criado pela sociedade civil para zelar pela cidade, moradores que realmente se preocupam com o destino do nosso municipio, demonstraram profundo conhecimento do projeto e de seus possíveis nefastos impactos, não só no que a cidade tem de mais valioso em termos de patrimônio histórico, como no meio-ambiente. Centenas de árvores serão cortadas e uma parte do terreno vai ser aterrado, de forma que poderá contribuir para piorar muito as já trágicas enchentes que dão tanto prejuizo ao comércio e aos moradores, principalmente nos bairros da Ponte, Córrego Frio e Pantanal. Sem falar do impacto direto no trânsito, no transporte público e em tantos outros setores da vida na cidade.

O movimento luta para que seja criado no local o Parque Vicente de Araújo, homenageando o homem que teve uma relação amiga e generosa com Santa Luzia e, ao mesmo tempo, criando uma espetacular área de lazer para toda a população, tão carente de locais onde se divertir e levar a família.

É muito bom ver a cidade reagindo. É muito bom que o poder público perceba que não dá mais para virar as costas para os moradores. Não dá mais para permitir que a cidade seja invadida por toda sorte de empreendimento imobiliário, sem estudo de impacto e sem que aqueles que vivem aqui e sofrem as consequências desse crescimento desordenado sejam ouvidos. A reunião desta manhã provou que, unidos, os moradores são uma força que não dará mais para ignorar.

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5 Comments

  • Magaly de Castro Lara
    9 de setembro de 2021, 21:15

    Os luzienses e os membros vc do COMPAC foram brilhantes!
    E como foi dito na reunião, o projeto está aí há 7 anos, mas totalmente obscuro. E agora sob a luz de Santa Luzia, será travada uma luta pelos que querem qualidade de vida para os moradores desta cidade x aqueles que $ó querem a e$peculação..

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  • glayson johnny goncalves Coelho
    9 de setembro de 2021, 21:17

    Parabéns pela luta…

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  • Rosilene Aparecida Ribeiro Sales
    9 de setembro de 2021, 21:31

    Adorei saber que juntos somos mais fortes ,é saber que tem vereadores eleitos sem conhecimento de causa defender tal empreendimento sem nenhuma contra partida ou conhecimento de causa.O progresso não é só tijolos .Precisamos preservar uma das áreas verdes que restam em nossa cidade .Queremos no lugar um parque ecológico,precisamos de laser e respirar ar puro .Santa Luzia com esta gestão só querendo ver tijolos e nos queremos progresso com transparência.

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  • Nenez
    10 de setembro de 2021, 07:37

    Ótimo!!!!!!

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  • Erasmo M. Bibiano
    21 de setembro de 2021, 08:59

    É triste ver como pessoas de capacidade intelectual tão chula são os representantes da população, e compõem o poder Legislativo, não possuem o mínimo preparo para estar na câmara de vereadores de uma cidade como Santa Luzia – que possui mais de 220mil habitantes. Os vereadores empossados deveriam ao menos ter se dado ao trabalho de repassar para os seus assessores a pauta da reunião, para que passassem menos vergonha, porém como a incapacidade é predominante, isso se quer foi feito.

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