Glaucon Durães

Luzias

            O Coro Angélico, coral mais antigo da cidade de Santa Luzia, sob a regência do maestro Hélcio Rodrigues Pereira, cantou o primeiro hino do município na abertura da II Assembleia Patrimonial Comunitária de Santa Luzia – Paneleira Vágna Rosa de Jesus, realizada no Teatro Municipal “Antônio Roberto de Almeida”, à rua Direita, no Centro Histórico, no domingo, dia 25 de junho.

         O manuscrito da letra do chamado “Hino Luziense” foi recuperado pela Associação Coro Angélico de Santa Luzia, por meio da corista Piedade Vieira (Dadinha), junto ao arquivo da Escola Municipal “Modestino Gonçalves”. Consta como autor Bento Hernesto, hoje sem referências, porém a obra é popularmente atribuída a Eduardo José da Silva Castro (Dudu Castro), prolífico e conhecido compositor luziense do final do século XIX e início do XX.

         Como presidente da Associação Coro Angélico de Santa Luzia, solicitei ao maestro João Carlos Rosoline a elaboração da partitura do Hino Luziense, baseada em uma gravação de áudio feita pela soprano do coro,  Dadinha. A corista conta que aprendeu a cantar o Hino Luziense na infância, quando estudou no Grupo Escolar Modestino Gonçalves.

A Associação Coro Angélico de Santa Luzia tem promovido o resgate de músicas tradicionais de Santa Luzia há muito tempo não cantadas. Na missa de abertura do Jubileu de Santa Luzia de 2022, por exemplo, cantou, pela primeira vez em mais de 60 anos, o Credo da conhecida Missa Solene de José Maria Lopes.

 E nesse ano de 2023 a Associação tem se esforçado para conseguir restaurar o seu arquivo musical, que dispõe de partituras originais e de cópias datadas a partir de 1889.

A execução do Hino Luziense pelo Coro Angélico surpreendeu as autoridades e sociedade civil presente na II Assembleia Patrimonial Comunitária Paneleira Vágna Rosa de Jesus. A maioria ouviu a música pela primeira vez.

Até o momento não foi identificado junto ao poder público municipal nenhum documento sobre o referido hino. Não obstante, constam como hinos do município de Santa Luzia, uma paródia da canção napolitana “Santa Luzia”, oficializada pela Lei Nº 1.360, de 29 de março de 1990 e a música “Hino à Santa Luzia”, oficializada pela Lei Nº 2.505, de 19 de dezembro de 2003.

O resgate musical promovido pela Associação Coro Angélico de Santa Luzia durante a II Assembleia Patrimonial Comunitária – Paneleira Vágna Rosa de Jesus – é histórica por vários motivos.

Primeiro porque se trata de um Coro que é patrimônio cultural de natureza imaterial da cidade.

 Segundo, porque se tratou de um resgate musical promovido por uma associação civil sem fins lucrativos, o que aponta para a importância da atuação da sociedade civil organizada na proteção, preservação e divulgação do patrimônio cultural.

Terceiro porque o resgate ocorreu em uma das mais importantes reuniões do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Santa Luzia, a Assembleia Patrimonial Comunitária, cujo objetivo é eleger os novos conselheiros do patrimônio cultural da cidade.

E quarto, por apresentar uma música que, embora importante na história da cidade, é desconhecida da maior parte da população.

É sempre bom ter em mente que o conhecimento e o acesso ao patrimônio são direitos fundamentais da sociedade.