Saudade

Saudade
Maya, a primeira à esquerda, de pé, com minhas seis irmãs: Sãozinha, Bebete, Elisa e Lelena. Agachadas, Nenez e Nem. No centro, Dona Clara, eterna inspiração para todas nós

Maya Santana, Luzias

Neste domingo, Dia das Mães, o Luzias homenageia todas as mulheres que deram filhos ao mundo. Não me canso de ler este poema de minha irmã Elisa Santana, escrito quando nossa mãe nos deixou, em agosto d 2008:

Quando o meu pai morreu
Apesar de não ser mais tão moça
Me encolhi como uma menina
Me cobri com o manto da
Tristeza
Do vazio
E da dor
A lembrança dele quando me vinha
Me trazia
A generosidade
O amor
A saudade
Quando o meu irmão mais velho morreu
Eu fiquei estupefata
Achei a morte ingrata
Por ter convidado para uma dança
Um homem ainda novo
E achei o meu irmão bobo
Por ter aceitado a companhia
A lembrança dele quando me vinha
Me trazia
A reza
A saudade
A sensação da casa vazia
Quando a minha mãe morreu
Eu uma mulher mais que feita
Chorei
Corri a encher as jarras de flores
Cantei pra ela
Tomei chá de folha de laranja da terra
Acendi vela
E dela
Quando a lembrança vem
Me faz pensar que agora
Em algum lugar
Em algum dia
Em alguma hora
Eu tenho alguém que me espera

Elisa Santana é Atriz, Professora de Artes Cênicas da PUC/MG, autora de um livro de poesias (Os Peixinhos do Meu Pano de Prato) e lançou um CD (Soneto 88)em 2015.

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2 Comments

  • Elzira Divina Perpétua
    20 de maio de 2018, 18:59

    Dona Clara é exemplo de vida que ultrapassa as paredes do lar que construiu junto com o saudoso Duca. Seus filhos e filhas são a prova da dignidade desta mulher que os amou e educou, para a alegria dos que com eles compartilham tantos anos de amizade, que só faz fortalecer ao longo dos anos. Eu me incluo, com muito orgulho, entre os que tiveram a honra de receber de Dona Clara momentos inesquecíveis de sua doce hospitalidade. E sou muito grata por ter tido a oportunidade de beber muitas vezes suas sábias palavras, de perceber sua firmeza e dignidade, de admirar sua generosidade e delicadeza para com os mais frágeis, e de ter chorado com ela nas horas tristes, mas de termos rido juntas graças ao seu bom humor e suavidade que prevaleceram e que ainda são doce lembrança em nossos dias. Que saudade, Clara!
    Elzira

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