Mariinha Moreira: amor ao próximo e desprendimento

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  • 17 de março de 2018
Mariinha Moreira: amor ao próximo e desprendimento
Sua obra, sua vida e sua mensagem permanecem vivas

Bete Teixeira Tófani

Nascida em Santa Luzia em 25 de março de 1898, Mariinha Moreira foi a caçula dos sete filhos de João Augusto Moreira e Elisa Brasilina Moreira (sobrinha neta da Baronesa de Santa Luzia).

De família tradicional das mais abastadas da imperial Santa Luzia, morou em casa grande situada à Rua Direita, de fachada eclética, paredes internas forradas de papel adamascado, tabuado encerado, forros em madeira trabalhada, biblioteca farta, inúmeros quartos, sala de jantar com mesa enorme para vários comensais e cristaleiras repletas de cristais e porcelanas importadas. Nesse ambiente de luxo para a época, veio ao mundo a frágil criança, de saúde precária, sempre sob os cuidados da mãe. Nunca frequentou escola formal, sendo a sua educação ministrada em casa por professores particulares. A facilidade para aprender a levou a amar a leitura e, ainda adolescente falava e escrevia o francês, cujos clássicos lia no original.

Em 1926, junto com amigas, fundou as “Damas de Caridade de São Vicente de Paula”, que dirigiu por mais de 50 anos, dando assistência espiritual e material aos pobres, lavando e cuidando pessoalmente quando se achavam doentes.

Em 20 de junho de 1941, demonstrando novamente seu desprendimento e amor ao próximo, fundou a “Sociedade de Proteção à Infância”, hoje “Associação de Proteção, Infância e Assistência Social de Santa Luzia”, mantenedora do “Instituto São Jerônimo”, internato para meninas órfãs e carentes da cidade e vizinhanças. À época, sua proposta de proteção à infância carente foi pioneira, pois era mais ampla do que simplesmente alimentar e alfabetizar, oferecendo um padrão de vida de acordo com a dignidade humana. Nessa instituição, que dirigiu por mais de quatro décadas, colocou sua vida, suas rendas, suas alegrias, sua realização pessoal. Sustentou sua obra assistencial com ajuda dos amigos e com a realização de barraquinhas, teatros, rifas, etc. Sempre rejeitou ajuda oficial, pois nunca aceitou interferência no seu modo avançado de dirigir a entidade.

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a Câmara Municipal de Santa Luzia criou a Medalha do Mérito Mariinha Moreira – para homenagear as mulheres da cidade que se destacaram como exemplo de solidariedade, fraternidade, coragem e dedicação à causa pública e à coletividade.

Faleceu em 01 de julho de 1989, aos 91 anos de idade, totalmente lúcida. Sua obra, sua vida e sua mensagem permanecem vivas na memória dos que a conheceram e que são os responsáveis para repassar às gerações presentes e futuras seus admiráveis e inesquecíveis exemplos de fé cristã e amor ao próximo.

*Professora aposentada de história da rede pública de Santa Luzia. Pesquisadora da história luziense.

Texto preparado para a exposição “Nós fizemos história”, realizada pela Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia em outubro de 2009, no Solar da Baronesa.

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3 Comments

  • Vanuza
    26 de maio de 2019, 00:54

    Eu sou uma das meninas de mãos dadas com dona Mariinha na foto a outra e a minha irmã morávamos neste orfanato foi o melhor lugar de nossas vida ele era muito carinhosa com todas nós saudades

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    • Maya Santana@Vanuza
      26 de maio de 2019, 19:20

      Ei, Vanuza. Que interessante essa história. Onde você mora. Gostaria de conversar com você. Forte abraço e até breve, espero.

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      • Vanuza @Maya Santana
        20 de novembro de 2019, 17:19

        Maya Santana eu moro em belo horizonte e a minha outra irmã em Rondônia

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