Redação do Luzias
Hoje, 18 de maio, é quando se comemora o Dia Internacional do Museu. Uma boa hora para perguntarmos por que é que o Museu Aurélio Dolabella, com seu precioso acervo, continua sem funcionar? Único na cidade, o Museu teve suas portas fechadas para obras de restauração em outubro de 2014. A promessa, na época, era que em seis meses seria reaberto. Passados três anos e meio, ninguém se arrisca a fazer uma previsão de quando poderá ser novamente visitado. A demora em entregar de volta à população esse patrimônio luziense pode ser creditada a uma mistura de burocracia com total falta de senso de urgência. Enquanto isso, as valiosas peças do acervo, levadas para o casarão da Fazenda Boa Esperança, vão se deteriorando. E o mesmo vai acontecendo com prédio histórico do museu, que serviu de quartel general para os revoltosos, na Revolução Liberal de 1842.
O Luzias procurou a Prefeitura para saber a razão dessa demora toda. E teve a seguinte resposta: Em novembro de 2017, a Prefeitura entregou o Projeto de Reforma do Museu ao Iepha – Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico – para primeira aprovação. Em janeiro de 2018, o projeto foi novamente enviado pela Prefeitura ao Iepha, já com as devidas alterações solicitadas pelo Órgão. Nesse mesmo mês, o projeto também foi entregue ao Iphan – Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – para aprovação. Agora, “a Prefeitura está aguardando a autorização dos dois órgãos para início da reforma.”
O Luzias conversou também com Marco Aurélio Fonseca, responsável pelo Patrimônio Histórico da cidade e um dos que mais trabalham pela reabertura. Ele informou que o Iepha enviou de volta nesta semana o projeto de restauração do museu, apontando alguns detalhes que precisam ser refeitos. “Já estamos trabalhando intensamente para atender as exigências do Iepha e, assim, ajudar a acelerar o processo,” informou Marco Aurélio, adiantando que está fazendo um convênio com a Escola de Museologia da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, para a realização do inventário de todas as peças do Aurélio Dolabella.
Grande preocupação
O fechamento do museu preocupa não só porque priva a população de um bem cultural tão importante, mas porque as peças que compõem o acervo único estão se deteriorando. Por isso, a Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia manifestou, através de nota, sua “grande apreensão com a conservação do acervo do Museu Histórico Aurélio Dolabella, após o seu abrupto desmonte, em 2014. Isso, porque sabemos que, à época, o transporte da peças não seguiu as recomendações técnicas específicas desse tipo de situação e, por várias fontes, fomos informados de avarias sofridas por algumas peças consideradas frágeis já no novo espaço em que foram acondicionadas, e que também não sugerem a segurança preventiva necessária.”
A nota da Associação Cultural explica ainda que o Museu foi criado por meio da lei municipal nº 594, de 28 de dezembro de 1972. Entre suas atribuições estão o “recolhimento e colecionamento de todo o material relacionado com os objetivos do Museu e, principalmente, com a vida, costumes, folclore, arte e história de Santa Luzia”.
A Associação Cultural esteve presente na sua gestão a partir de 1994, quando foi assinado convênio com a prefeitura para instalação da Casa de Cultura, e incorporação do museu às suas atividades. Pelo referido convênio, a Casa passou a ser administrada pela Associação com a responsabilidade financeira a cargo da prefeitura. Desde então, a Associação promoveu o enriquecimento do acervo com a aquisição de peças relacionadas aos objetivos do Museu e à história da cidade, doações e a intermediação em processos de comodato para exposição de peças de particulares. Essa histórica parceria foi encerrada após o cancelamento do convênio entre a Prefeitura Municipal de Santa Luzia e a Associação, após decisão unilateral por parte da prefeitura, em 2014.”
Preocupada com a preservação do acervo, em 29 de janeiro de 2016, a Associação chegou a encaminhar ofício para o então coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, com relatório contendo 518 fotografias de todo o acervo. As imagens foram feitas em janeiro de 2014, quando a Associação Cultural ainda trabalhava com o museu. E foram encaminhadas para que sirvam de orientação para qualquer futura ação envolvendo o acervo do Museu Histórico Aurélio Dolabella.
Assista a esta reportagem (em tela cheia) feita pela TV Globo, em 2013, e você terá uma ideia do que era o museu e do que representa para a população:
1 Comment
Ademir Gonçalo Ferreira
28 de fevereiro de 2019, 12:27Ótima matéria, que desperta o interesse de estudantes de história como eu, que deseja, a reativação do patrimõnio
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