Santa Luzia não quer um conjunto habitacional. Quer um parque

Santa Luzia não quer um conjunto habitacional. Quer um parque
Entrada da antiga fazenda de Vicente de Araújo mostra a tragédia que a Emccamp não quer ver. Foto: Reprodução/Internet

Luzias

“A Emccamp se sensibiliza com as preocupações dos moradores de Santa Luzia e tem a tranquilidade de informar que o projeto de implantação do Loteamento Cidade Jardim, na região central do município, foi precedido de todos os estudos técnicos exigidos tanto pelos órgãos de licenciamento, quanto pelas normas técnicas de engenharia, garantindo a preservação do meio ambiente e o respeito ao urbanismo do centro histórico. “

Assim começa a nota, divulgada na quinta-feira, 27 de junho, com a qual a Emccamp Residencial, construtora que quer erguer um mega empreendimento imobiliário, com mais de 500 lotes, na antiga fazenda de Vicente de Araújo, tenta, mais uma vez, acabar com a resistência dos moradores de Santa Luzia ao projeto, às margens do Rio das Velhas.

A construtora tem feito tudo que pode, usado todos os argumentos (inconsistentes), para convencer os luzienses que o Loteamento Cidade Jardim só trará benefícios. Mas especialistas garantem que o projeto causará enormes problemas para a cidade, porque pode acontecer aqui o que ocorreu no Rio Grande do Sul, com perdas de vida, inclusive, exatamente por negligência com as questões ambientais.

Para o ex-secretário de Meio Ambiente de Belo Horizonte, Mário Werneck, a Emccamp está subestimando a importância da antiga fazenda de Vicente de Araújo, “que é fundamental na redução dos impactos das enchentes.” Segundo Mário, “qualquer construção inadequada pode agravar os desastres na parte baixa da cidade, aumentando significativamente os riscos e os danos.”

A nota da Emccamp foi divulgada no mesmo dia em que moradores protestaram durante uma reunião extraordinária que o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural realizou, no teatro, na Rua Direita, para decidir sobre a aprovação ou não do projeto. Como a reunião demorou a começar, o tempo foi curto e a votação teve de ser adiada para o próximo dia 11 de julho.

A Emccamp, na nota, descreve assim o mega empreendimento: “É um loteamento de uso residencial unifamiliar e comercial com lotes com área mínima de 360m², composto por um total de 548 lotes. Deste total, 127 lotes possuem controle de acesso, enquanto os demais 421 lotes são abertos.“

Ou seja, a própria empresa, através dos números apresentados, se desmente. Como é que um empreendimento com 548 lotes, para particulares e para comércio, ao lado do Rio das Velhas, em plena região central da cidade, vai garantir “a preservação do meio ambiente e o respeito ao urbanismo do centro histórico?”

Por que será que a Emccamp insiste em justificar o injustificável? Nenhum morador de Santa Luzia se esqueceu das últimas enchentes na cidade. E para quem não se lembra, ou nunca ouviu falar, aqui está a experiência vivida pelos moradores e comerciantes da Rua do Comércio, no bairro da Ponte, em 2022:

Mário Werneck lembra que “é fundamental que a comunidade esteja informada e mobilizada contra empreendimentos que possam descaracterizar regiões importantes para Santa Luzia, como a fazenda de Vicente de Araújo.” Ele explica que, mesmo reconhecendo o direito dos empreendedores de solicitarem autorizações, a sociedade tem o direito e o dever de discutir e, se necessário, buscar a negativa dessas autorizações junto ao poder público e ao Conselho Municipal de Meio Ambiente.”

Em 2020, as águas do velho rio tomaram conta:

A Emccamp tem o desplante de dizer na nota que “O Loteamento Cidade Jardim foi idealizado para dar função social e conectividade para um vazio urbano com quase 500 mil metros quadrados na região central do município.”
Para quem mora fora de Santa Luzia, a área pode ser “um vazio urbano.” Para quem vive na cidade é muito, muito mais do que é isso. É a única área verde na região, é o anteparo para que as enchentes anuais do Rio das Velhas não causem ainda mais danos do que já provocam, integra a paisagem do Centro Histórico e é parte fundamental da História de Santa Luzia.

Vazio urbano, não! Uma mata exuberante, como mostra o vídeo do Virou Notícia:

Por isso, nós do Luzias concordamos inteiramente com o ex-secretário de Meio Ambiente, quando ele diz que “é essencial que todos se unam e, sem demagogia, peçam aos empreendedores que procurem outras áreas para seus projetos.”

Vamos todos passar essa mensagem na reunião do próximo dia 11 de julho, quinta-feira, às 9h, no Teatro Municipal, na Rua Direita.

Salve Santa Luzia!

Leia também: Empreendimento no Vicente Araújo é tragédia anunciada

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1 Comment

  • Maria Elisa Santana
    30 de junho de 2024, 17:21

    É isto, Maya. A população, os vereadores precisam se engajar na causa. Ganha a cidade e todos. Uma área verde cheia de história, preservada. Lute Santa Luzia!!!✊🏽

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