Gustavo Werneck
Estado de Minas
Há 183 anos, chegava ao fim a Revolução Liberal de 1842, que opôs as forças chefiadas pelo mineiro Teófilo Otoni e as tropas imperiais comandas pelo Duque de Caxias
Serão lembrados, na quarta-feira (20), os 183 anos do fim da Revolução Liberal de 1842, movimento armado que envolveu mais de 5 mil homens e ainda ecoa em São Paulo e Minas Gerais. Lições da história são sempre bem-vindas, ainda mais em tempos, como os nossos, politicamente conturbados, economicamente incertos e imprevisíveis para o entendimento no Brasil e no mundo.
Em Santa Luzia, na Grande BH, haverá a tradicional solenidade cívico-militar promovida pela prefeitura local. Será às 9h30, na Praça da Matriz, diante do santuário dedicado à padroeira, no Centro Histórico. Na cerimônia de homenagem aos heróis de 1842, haverá a Condecoração da Láurea “Cruz da Batalha de Santa Luzia” a pessoas que se destacam na vida do município. São eles: a professora Cláudia Aparecida Lara Augusto, o artista plástico Graziano Rodrigues Penha e o deputado federal Luiz Henrique de Oliveira Resende.
Antes, às 8h, no Muro de Pedras (Recanto dos Bravos), será colocada uma coroa de flores no Marco do Centenário, monumento erguido em 1942. Presentes autoridades civis e militares.
Para entender melhor a importância do 20 de Agosto é preciso fazer uma viagem no tempo. E conhecer os dois lados. De um, estavam as tropas imperiais comandadas pelo então barão Luis Alves de Lima e Silva (1803-1880), de 39 anos, futuro Duque de Caxias. Do outro, as forças chefiadas pelo mineiro Teófilo Otoni (1807-1869), E, no meio, a defesa dos princípios constitucionais e da liberdade.
Quem explica melhor o episódio que ainda ecoa é o desembargador e integrante do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG), Marcos Henrique Caldeira Brant, há mais de 20 anos imerso em pesquisas sobre o tema: “Fazemos um resgate dessa página da História do Brasil, que envolveu, nos campos de batalha, 5.460 homens, sendo 2.460 do Exército e 3 mil liberais”.
A Revolução de 1842, diz Caldeira Brant, foi um movimento armado que ocorreu de forma simultânea nas duas mais importantes províncias do império – São Paulo e Minas. “Resultou das paixões exaltadas e das divergências dos dois únicos partidos políticos existentes, o Conservador e o Liberal, tendo como causa maior a defesa da Constituição de 1824, que tinha princípios violados pelos dirigentes do Partido Conservador no poder administrativo do império, por meio de edições de leis reacionárias”, explica o desembargador. “Na verdade, os dois partidos políticos pouco diferenciavam quanto aos métodos e processos de fazer política.”
Em Minas, “terra do culto à liberdade e com vocação para as tradições”, a Revolução Liberal pode ser considerada como acontecimento político e histórico mais significativo do período imperial (1822 a 1889), devido “à sua forte consistência e expansão por todo o território mineiro e caracterizado pela grande participação das elites dominantes polarizadas”, afirma Caldeira Brant. Na sexta-feira, na Câmara Municipal de Santa Luzia, Caldeira Brant e o presidente da Academia de Letras do Ministério Público de Minas Gerais e vice-presidente do IHGMG, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, receberam o Diploma do Mérito Legislativo Teófilo Otoni, concedido pelo Legislativo municipal a àqueles que prestaram serviços relevantes em favor da cultura e preservação do patrimônio cultural.
Falar da revolução de 1842 é também compreender o ambiente, os homens e o Brasil da época. O plano dos liberais era reivindicar o poder político e administrativo pela força, certos de que a primeira ação armada seria suficiente para intimidar os conservadores. Mas o movimento foi visto como golpe contra o estado e o regime monárquico. Então, a corte Imperial, temerosa de que o movimento irradiasse para as outras 16 províncias, tomou rápidas e enérgicas medidas. “Em São Paulo, o movimento durou um mês, enquanto em Minas, na época constituída por 42 municípios, dos quais 15 declaradamente revolucionários, se estendeu por 73 dias.
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